Cientistas medem distância entre galáxias com precisão inédita

Cientistas mediram as distâncias entre galáxias no universo com precisão inédita, de 99%.
O levantamento, incrivelmente preciso, abrangendo 6 bilhões de anos-luz, é considerado fundamental para o mapeamento do cosmos e da origem da energia escura.
O novo cálculo foi feito pelo projeto Boss (Baryon Oscillation Spectroscopic Survey), usando o Telescópio da Fundação Sloan no Novo México, Estados Unidos.
Os resultados foram anunciados durante a 223ª reunião da Sociedade Americana de Astronomia, em Washington.
O principal pesquisador do projeto - o físico David Schlegel, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley - disse que não existem muitas coisas nas nossas vidas cotidianas que conhecemos com tal precisão.
"Hoje sei mais sobre o tamanho do Universo do que sei sobre o tamanho da minha casa", argumenta.
"Há 20 anos, astrônomos brigavam por causa de estimativas que diferiam em torno de 50%. Cinco anos atrás, o grau de incerteza foi reduzido a 5% e, um ano atrás, ele era 2%. Precisão com margem (de incerteza) de 1% vai ser o novo parâmetro durante muito tempo."

Distâncias intergalácticas

A equipe do Boss usou oscilações acústicas dos bárions (BAOs, na sigla em inglês) como "a régua-padrão" para medir distâncias intergalácticas.
BAOs são as impressões "congeladas" criadas pela ondas de pressão que se moveram logo no início do Universo - e que influem na distribuição das galáxias que vemos hoje.
"A natureza nos deu uma linda régua", disse Ashley Ross, astrônomo da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra. "E essa régua tem meio bilhão de anos-luz de comprimento, então podemos usá-la para medir distâncias com precisão, mesmo que desde muito longe."
Determinar distâncias é um dos grandes desafios da astronomia: "Uma vez que você sabe quão longe (algo) está, aprender todas as outras coisas a respeito disso torna-se, repentinamente, muito mais fácil", disse Daniel Eisenstein, diretor do Sloan Digital Sky Survey III.

Plano

As distâncias disponibilizadas pelo Boss vão ajudar a calibrar propriedades cosmológicas fundamentais - por exemplo, como a "energia escura" acelera a expansão do universo.
Os resultados mais recentes indicam que a energia escura é uma constante cosmológica cuja força não varia no espaço ou tempo.
O projeto também traz uma estimativa excelente da curvatura do espaço.
"A resposta é, (o espaço) não é muito curvado. O Universo é extraordinariamente plano", disse Schlegel.
"E isso tem implicações sobre a questão da infinitude do Universo. Embora não possamos dizer com certeza, é provável que o Universo se estenda para sempre no espaço e continue para sempre no tempo. Nossos resultados são consistentes com (a hipótese) de um Universo infinito."
Quando o projeto Boss tiver sido completado, o levantamento terá reunido espectros de alta qualidade de 1,3 milhão de galáxias, 160 mil quasares (misteriosos corpos celestes encontrados nos confins do Universo que emitem quantidades imensas de radiação) e milhares de outros objetos astronômicos.
Uma análise dos dados atuais - 90% do total - foi publicada no server Arxiv. Os resultados finais deverão ser divulgados em junho.
Fonte: BBC

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