Poluentes “Doze Sujos” atacam novamente

Uma prisão gelada no Ártico manteve presas 12 ameaças tóxicas que a sociedade baniu décadas atrás. Mas o gelo está derretendo. Agora, Aldrin, Endrin, Mirex e nove outras substâncias logo serão liberadas, e as consequências podem ser mortais.

Não, não é um filme de Michael Bay.

É um alerta dos cientistas que estudam os Doze Sujos, um grupo de poluentes orgânicos persistentes (POPs). A chuva, a neve e outros fenômenos depositaram os produtos químicos no gelo do Ártico décadas atrás, mas com o derretimento do gelo polar, eles podem retornar ao meio ambiente, afirmam pesquisadores da Environment Canada, agência federal canadense, em um estudo publicado no periódico Nature Climate Change.

"Uma grande variedade de POPs foram realocados na atmosfera do Ártico nas ultimas duas décadas em decorrência da mudança climática”, afirmou o estudo, segundo artigo da AFP.

O aquecimento ártico "poderia minar os esforços globais para reduzir a exposição humana e ambiental a estes produtos químicos tóxicos”, alerta o estudo liderado por Jianmin Ma, do Environment Canada.

Os poluentes foram banidos em 2001 pela Convenção de Estocolmo devido aos altos riscos que apresentam à saúde de seres humanos e animais, e por não se decompor rapidamente no ambiente.

Embora os pesquisadores tenham encontrado uma tendência gradual de redução desde que os poluentes foram banidos, uma simulação de computador mostrou que o derretimento do gelo poderia ocasionar um pequeno aumento das concentrações.

Segundo o site US POP Watch, os Doze Sujos são:

*Aldrin- Pesticida amplamente utilizado nas culturas de milho e algodão até 1970. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) permitiu seu uso para o combate a cupins até o fabricante cancelar seu registro em 1987. Bastante similar ao Dieldrin.

*Clordano - Pesticida usado em cultivos agrícolas, gramados e jardins, e em fumigações para controle de cupins. Todos os usos foram banidos pelos Estados Unidos em 1988, mas ainda é produzido para exportação.

*DDT - Pesticida ainda em uso para controle de malária nos trópicos. Todos os usos foram banidos nos Estados Unidos em 1972, exceto em casos de emergência.

*Dieldrin - Pesticida amplamente usado nas culturas de milho e algodão até 1970. O governo americano permitiu seu uso para o combate a cupins até o fabricante cancelar seu registro em 1987. Subproduto da decomposição do Aldrin.

*Endrin – Usado como pesticida para controlar insetos, roedores e aves. Não é produzido ou vendido para uso geral nos Estados Unidos desde 1986.

*Heptacloro – Inseticida de uso doméstico e agrícola até 1988. Também um componente e produto da decomposição do clordano.

*Hexaclorobenzeno (HCH) - Pesticida e fungicida usado em sementes, também é um subproduto industrial. Não é usado amplamente nos Estados Unidos desde 1965.

*Mirex – Inseticida e retardante de chamas, não é usado ou fabricado nos Estados Unidos desde 1978.

*Toxafeno – Inseticida usado principalmente em plantações de algodão. A maioria de seus usos foi banida os EUA em 1982, e as demais, em 1990.

*PCBs – Bifenis policlorados, amplamente usados em equipamentos elétricos, entre outros usos. Sua fabricação foi banida dos Estados Unidos em 1977.

*Dioxinas policloradas e furanos policlorados- Dois notórios tipos de poluentes “não-intencionais”, são subprodutos de incineração e de processos industriais. Regulado nos Estados Unidos sob estatutos ligados ao ar, água, qualidade dos alimentos, segurança ocupacional, descarte de resíduos, entre outros.

Uma pequena quantidade pode percorrer uma grande distância, já que os POPs não se decompõem. Em vez disso, eles se acumulam nos animais à medida que avançam na cadeia alimentar.

A Agência Americana de Registro de Doenças e Substâncias Tóxicas lista os efeitos de cada produto químico em seu banco de dados. Aldrin e Dieldrin, por exemplo, podem causar convulsões, danos renais, dores de cabeça, vômitos e até mesmo a morte.

Os pesquisadores da Environment Canada elaboraram seu alerta com base em observações da atmosfera e simulações de computador sobre os efeitos da mudança climática sobre o gelo do Ártico.

Os pesquisadores observaram as quantidades de três POPs, DDT, HCH e clordano, na atmosfera. Eles monitoraram os produtos químicos de 1993 a 2009 em uma estação das Ilhas Svalbard, na Noruega, e em outra ilha no Ártico Canadense.

"A remobilização dos poluentes produzidos pelos nossos avós são testemunhas indesejadas do nosso passado ambiental, e agora parecem estar ‘saindo do frio’”, conclui Dachs.

Fonte: Discovery Notícias

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